20 de jan. de 2010




(...) Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. e tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-se viva. você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância. uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto.


Caio Fernando Abreu

Um comentário:

Lu Dantas disse...

O tempo passa, as pessoas passam e o que fica, muitas vezes, é a lembrança do que foi. Às vezes, isso até se perde no vácuo do passado. O jeito é viver o presente e aproveitá-lo bem para se estenda o futuro...

Gostei, viu!

Beijos